Tesouras Notícias
terça-feira, março 31, 2020
O desemprego no Brasil havia aumentado para 11,6%
no trimestre encerrado em fevereiro, o último antes da pandemia do novo
coronavírus se espalhar pelo país, segundo dados divulgados pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (31).
O primeiro caso em solo brasileiro foi confirmado
no dia 26 de fevereiro. O segundo, três dias depois, no último dia de
fevereiro. Até as 17h desta segunda (30), eram 4.579 casos, com 159 óbitos.
Durante a pandemia e o período de isolamento social, o IBGE está coletando os
dados da PNAD Contínua somente por telefone, seguindo as orientações do
Ministério da Saúde.
Dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua) de fevereiro mostram que o desemprego atingia 12,3 milhões
de desempregados, subindo para 11,6%. No trimestre terminado em novembro, eram
11,2%.
O aumento interrompeu dois trimestres seguidos de
quedas significativas no desemprego, de acordo com o IBGE. Porém, o instituto
destacou que é normal que, no início do ano, ocorra essa interrupção, porque o
fim do ano já mostrava uma trajetória de taxas declinantes.
“Não tínhamos visto essa reversão em janeiro, no
entanto, ela veio agora no mês de fevereiro, provocada por uma queda na
quantidade de pessoas ocupadas e um aumento na procura por trabalho”, disse
Adriana Beringuy, analista da pesquisa.
Apesar do aumento na comparação com o trimestre
anterior, a taxa de desocupação continuou em queda quando analisada junto ao
trimestre encerrado um ano antes, em fevereiro de 2019, quando marcou 12,4%.
“Essa queda foi causada pelo crescimento no número
de pessoas ocupadas (1,8 milhão), o que impediu a taxa de crescer nessa
comparação”, afirmou Beringuy.
Segundo a pesquisadora, o aumento na desocupação
foi puxado pelos setores de construção, administração pública e serviços
domésticos, e não pelo comércio, que tradicionalmente costuma demitir no começo
do ano os temporários contratados para o Natal.
No caso da construção, o setor não sustentou o
movimento de recuperação que vinha apresentando no fim do ano passado. O
serviço doméstico, por sua vez, está muito ligado ao período de férias das
famílias, com as dispensas das diaristas, já que muitas famílias viajam,
interrompendo a demanda por esse serviço, segundo o IBGE.
“Já a administração pública tem uma sazonalidade,
pois ela dispensa pessoas no fim e no início do ano em função de términos nos
contratos temporários das prefeituras, nas áreas de educação e saúde, retomando
as contratações a partir de março, após a aprovação dos orçamentos municipais”,
disse a analista da pesquisa.
A taxa de informalidade caiu de 41,1% para 40,6% na
comparação com o trimestre anterior. Porém, ainda representa um total de 38
milhões de informais no Brasil. Nesse grupo estão os trabalhadores sem
carteira, trabalhadores domésticos sem carteira, empregadores sem CNPJ, os
conta própria sem CNPJ e trabalhadores familiares auxiliares.
De acordo com o IBGE, a queda nos informais se deu
devido à redução de contingentes de trabalhadores por conta própria sem CNPJ e
também de trabalhadores empregados sem carteira.”A gente ainda vive sob a
influência do mês de dezembro, em que tivemos um desempenho muito bom das contratações
com carteira trabalho. Muitas pessoas foram contratadas via carteira de
trabalho no comércio, o que deu um pouco mais de consistência aos dados de
formalidade. Isso pode estar contribuindo para a queda na quantidade de
informais”, disse a analista da pesquisa.
A queda na informalidade teve como reflexo o
aumento no rendimento, que subiu para R$ 2.375, alta de 1,8% na comparação com
o trimestre anterior e 3,9% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Isso
não foi visto nas PNADs anteriores, quando o número de trabalhadores informais
vinha em crescimento.
“Na medida em que se tem um contingente menor de
trabalhadores na informalidade, permanecem no mercado pessoas em atividades
mais formalizadas e com melhores remunerações, em setores como a indústria e
alguns segmentos do comércio. Não vimos isso nas últimas PNADs, até porque a
informalidade estava em trajetória de crescimento”, afirmou a analista da
pesquisa.
Folhapress
0 Comentários