Tesouras Notícias
terça-feira, novembro 05, 2019
O presidente Jair
Bolsonaro já realizou, desde a posse, 99 ataques diretos a jornalistas ou à
forma como os trabalhos da imprensa são conduzidos pelos profissionais no país.
Os dados foram apresentados pela presidente da Federação Nacional dos
Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga, nesta segunda-feira (4), durante reunião
do Conselho de Comunicação Social (CCS).
Braga ressaltou que o
levantamento da Fenaj foi "criterioso", buscando separar críticas
conceituais de "ataques puros e simples" a jornalistas específicos ou
à maneira como alguns veículos fazem a cobertura de seu governo.
— Só em outubro, o
presidente realizou 13 ataques pessoais contra jornalistas ou à forma como o
jornalismo é feito no país. Fizemos questão de separar o que são críticas
conceituais e o que se configura simplesmente como agressões. Desde a posse, já
foram 99 ataques pessoais e agressões a veículos específicos. São manifestações
do tipo "a imprensa é nossa inimiga" ou "se valesse, jornalista
já estaria tudo preso". O presidente parece buscar de forma sistemática
desacreditar a imprensa, intentando que a população creia ser ele um perseguido
por ela, e que portanto as informações veiculadas não seriam confiáveis. Já
foram 11 ataques pessoais contra jornalistas e 88 contra veículos e à imprensa
como um todo. Os principais alvos são o grupo Globo e os jornais Folha de S.
Paulo e Valor Econômico — informou Braga. Leia
Mais
Todos os meses, a
presidente da Fenaj reporta ao CCS casos de violência a profissionais da
comunicação no país.
No relatório de
outubro, citou a censura feita pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) a uma
reportagem sobre o Festival de Artes Jackson do Pandeiro, em João Pessoa (PB).
A matéria foi reeditada para publicação no YouTube e o diretor do programa
"Antenize", Vancarlos Alves, foi demitido, porque a reportagem
original veiculava um cordel em que aparecia a imagem da ex-vereadora Marielle
Franco, assassinada no ano passado no Rio de Janeiro. Na versão para a
internet, a imagem de Marielle foi eliminada.
Braga também citou a
censura praticada pelo YouTube a dois vídeos do site Ponte Jornalismo. As
reportagens da Ponte Jornalismo denunciavam dois professores da rede de ensino
AlfaCon, que faziam apologias à tortura e a execuções sumárias durante as
aulas, para os alunos.
— O estranho é que as
imagens usadas nas reportagens da Ponte Jornalismo, com as apologias aos
crimes, vinham de vídeos da própria AlfaCon. O YouTube alegou que a Ponte
Jornalismo estaria infringindo o direito autoral — reclamou a presidente da
Fenaj.
Fonte: Agência Senado
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