Tesouras Notícias
quarta-feira, julho 08, 2015
Pesquisa realizada durante 2014 na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, relacionou aspectos da alimentação de crianças no início da idade pré-escolar com seu estado nutricional. O estudo é fruto do projeto de mestrado da nutricionista Amanda Foster Lopes, realizado na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e em parceria com a Secretaria de Educação da Cidade de Taubaté. O projeto foi estimulado pela residência de Amanda na área de pediatria, porém com enfoque na alimentação infantil para aproximar-se de sua profissão. Durante o primeiro ano de vida, em geral, as crianças sofrem um importante processo de transição na alimentação, o qual se inicia com a nutrição via cordão umbilical intraútero, seguida pela amamentação, alimentação complementar e, finalmente, pela comida da família. A alimentação é um dos mais importantes fatores entre os determinantes do desenvolvimento do excesso de peso e obesidade, condição que, atualmente, tem atingindo o público infantil e vem sendo considerada um problema de saúde pública. As crianças vêm desenvolvendo o excesso de peso cada vez mais precocemente, por isso é importante buscar quais aspectos dessa alimentação inicial poderiam influenciar o desenvolvimento do excesso de peso nessa faixa etária. Amanda constatou que crianças que receberam leite materno durante um maior período apresentaram menor escore z — distância do valor observado em relação à mediana dessa medida ou ao valor da população de referência — de Índice de Massa Corpórea (IMC) para a idade no momento da avaliação.
Em outras palavras, isso significa que receber leite materno por mais tempo pode ser um fator de proteção contra o desenvolvimento do excesso de peso dos 2 aos 4 anos, em média. Para a realização da pesquisa, um sorteio selecionou as 27 creches e pré-escolas de Taubaté que participaram do estudo, somando um total de 463 crianças. A metodologia envolveu a elaboração de um questionário com uma série de perguntas, tais como peso da criança ao nascer, sexo, tipo de parto e também sobre a alimentação, que envolvia duração do aleitamento materno exclusivo e não exclusivo e idade de início da ingestão de alguns alimentos, como água, chá, leite não materno, papa de fruta, papa de vegetais e guloseimas. O questionário foi enviado para os pais pela agenda escolar das crianças junto com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, autorização para a participação de seus filhos no estudo. Com as respostas, Amanda começou a destrinchar as informações. "Aferi o peso e o comprimento dessas crianças, para a avaliação através do escore z de IMC para a idade. Depois da coleta de todos os dados, foram realizadas análises estatísticas", relata. A pesquisa de Amanda mostrou que 27,5% das crianças estudadas na cidade de Taubaté já apresentam excesso de peso aos 2 anos de idade, resultado que confirma a presença de excesso de peso em crianças cada vez mais novas. Quanto à alimentação, os resultados mostram importante distanciamento entre o que é orientado e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a realidade quanto às práticas de aleitamento materno.
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