Mais de 80% dos auxílios-doença revisados foram cancelados
O ministro do Desenvolvimento Social, Alberto Beltrame, disse que um pente-fino realizado entre agosto de 2016 e março deste ano encontrou 552,9 mil benefícios de auxílio-doença que não passavam por revisão há mais de dois anos, sendo que a regra é a cada seis meses. Até agora, 279 mil auxílios-doença foram revisados, dos quais 228 mil foram cancelados, média de 82% — ou por irregularidade, ou por não-comparecimento do beneficiário.
De acordo com Beltrame, os
cancelamentos são fruto do cruzamento de bases de dados do governo e perícias
que deixaram de ser realizadas. Os cancelamentos também atingiram
aposentadorias por invalidez e Bolsa Família.
Entre agosto de 2016 e março de
2017, a economia com auxílio-doença foi de R$ 7,6 bilhões. Mantida a média de cancelamentos,
a economia pode atingir R$ 15,7 bilhões. "Isso é mais do que a
privatização da Eletrobras", disse Beltrame. Em 2016, a folha de pagamento
do auxílio-doença era de R$ 27,8 bilhões anuais, com 1,8 milhão de
beneficiários. Em dezembro deste ano, segundo o ministro, o gasto deve atingir
R$ 20 bilhões, com 1,1 milhão de beneficiários.Um exemplo citado pelo ministro
foi o de gestantes que receberam auxílio-doença por estarem hipertensas durante
a gravidez, mas que continuaram com o benefício por dez anos. "Encontramos
pessoas absolutamente saudáveis no momento da perícia, que tinham direito ao
benefício no momento em que foi concedido, mas que se acostumaram e se
acomodaram nessa situação", disse ele, para quem houve "desleixo"
na gestão dos recursos públicos.