Vaquejadas são tema de audiência pública na OAB


As vaquejadas foram tema de uma audiência pública, promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na Bahia, na tarde desta segunda-feira (31). Promotores, advogados, deputados e veterinários se reuniram na sede da OAB, na rua Portão da Piedade, com defensores e opositores da vaquejada para discutir a decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que torna a prática ilegal no país. No último dia 6, os ministros do STF decidiram, por 6 votos a 5, que a atividade impõe sofrimento aos animais e, portanto, viola princípios constitucionais de preservação do meio ambiente. Ao todo, as vaquejadas são responsáveis pela geração de 720 mil empregos diretos e indiretos. Para o médico veterinário e juiz oficial de equipamento de vaquejada e bem estar animal da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM), Eider Leandro, as vaquejadas não geram dano algum à saúde do animal “A vaquejada não é cruel. O animal não é morto e nem mutilado, o bovino é um atleta”, afirmou ele.
Leandro destacou a evolução do esporte, com a criação de aparatos como o protetor de cauda com chip implantado. “Os protetores são um material de segurança para os animais e os chips nos informam o quanto o boi já correu e o quanto ele ainda pode correr”, explicou o veterinário. Segundo ele, 8.500 bovinos estão envolvidos no evento. Presidente da subseção da OAB em Serrinha, Sabino Gonçalves, acredita que é possível uma regulamentação da prática de vaquejadas para que não cause maus tratos aos animais. “Na última vaquejada de Serrinha, não tivemos nenhum tipo de trauma nos bois. Se podemos realizar sem nenhum tipo de dano, então a vaquejada pode ser legalizada”. Contrário à prática, o promotor do Meio Ambiente de Salvador e presidente do Instituto Abolicionista Animal, Heron Gordilho, afirma que o evento não deve ser considerado uma manifestação cultural. “A vaquejada é uma indústria cultural que envolve mega eventos com grandes shows. Cultura é uma manifestação natural da sociedade”, explicou o promotor. Ativista do movimento pró-animal, a vereadora Ana Rita Tavares, também compareceu à audiência acompanhada de grupos defensores dos animais. Com duras críticas à Vaquejada, Ana Rita, destacou a crueldade da prática. “Um evento onde as pessoas se reúnem para assistir alguém puxando o rabo do boi para derruba-lo é extremamente cruel”, ressaltou a vereadora. Na Bahia, as vaquejadas são regulamentadas como prática esportiva. Autor da lei, o deputado estadual Eduardo Salles (PP), explicou que o ato não se trata de uma puxada na cauda do boi. “Fazemos um movimento para que o boi se desequilibre e caia, como em uma luta de judô”, comparou. Contrário a radicalismos, o deputado acredita que a vaquejada deve se manter, porém com regulamentações. “Temos que discutir maneiras de tornar o esporte mais sustentável”. Ainda não há um posicionamento formal da OAB na Bahia quanto a legalidade da vaquejada. De acordo com o presidente da subseção na Bahia, Luiz Viana Queiroz, o material gravado da audiência será enviado ao Conselho Federal da OAB em Brasília. “O próximo passo será decidido pelo presidente da organização a nível nacional, a partir daí poderemos declarar algum posicionamento”, afirmou o presidente.

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