‘Tombei’: Geddel sai enfraquecido do Planalto e perde força no xadrez político de 2018



“Baguncei a divisão, esparramei/ Peguei sua opinião, um, dois, pisei”. Expoente da geração tombamento, Karol Conká resume a situação política do agora ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima. De homem forte do Palácio do Planalto, cujas opiniões eram ouvidas e propagadas como as percepções do presidente Michel Temer do cenário político, Geddel tombou junto com a obra do La Vue, epicentro da denúncia de tráfico de influência feita pelo ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero. O peemedebista baiano caiu nesta sexta-feira (25) de forma melancólica, após quase sete dias sangrando o núcleo duro palaciano. A obra do La Vue, na Ladeira da Barra, segue embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e suspensa por decisão judicial. Por enquanto, além do adeus ao ministério, Geddel se despediu do apartamento do La Vue. E deve também começar o exercício de desprendimento para a eventual pretensão de ser candidato ao governo da Bahia nas eleições de 2018 – rechaçada até então, porém nunca completamente descartada pelo herdeiro de Afrísio Vieira Lima. No xadrez político baiano, a proeminência de Geddel na função de ministro de Estado o alçava à condição de postulante a concorrer ao Palácio de Ondina em 2018. O mais velho do clã Vieira Lima iria disputar a indicação na atual configuração política com o prefeito de Salvador ACM Neto (DEM) e, como ministro, poderia – ainda que remotamente – desbancar o favoritismo apontado até então para o gestor da capital baiana. Com a queda do ministério, Geddel sai enfraquecido do plano nacional e, ainda que consiga manter o capital político na Bahia, teve a imagem arranhada. Nas urnas, a última vitória dele foi em 2002. E foram duas derrotas consecutivas para o governo, em 2010, e para o Senado, em 2014. Aliado, o prefeito de Salvador teve uma porta fechada em Brasília com essa saída, mas não deve reclamar do momento de baixa vivenciado pelo peemedebista, pois fica cada vez mais isolado no protagonismo do cenário baiano. Geddel levou muito a sério Conká: “Já que é pra tombar/ Tombei!”.

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