Problemas na hélice podem explicar queda de helicóptero onde estava filho de Alckmin


O comando da PM e técnicos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) que atuam na área da queda do avião para remover destroços e investigar as causas do acidente têm como principal linha de investigação a suspeita de que uma das pás da hélice do helicóptero teria se partido ou se soltado durante o voo. Isso teria provocado forte instabilidade no helicóptero e o tornaria quase impossível de controlar. Um vídeo de uma câmera de segurança da região registrou o momento em que a aeronave cai. Ela ainda gira no ar antes de se chocar contra as casas, em grande velocidade. Ao lado dessas casas há uma grande área descampada, onde poderia ser feito um pouso de emergência com chances de sucesso. O fato de que o piloto não se dirigiu à área sugere que ele tenha perdido o controle da máquina completamente e rapidamente. Colabora com essa tese o fato de que uma pá da hélice do helicóptero foi encontrada neste terreno. — Uma das áreas mais vulneráveis de um helicóptero são as pás da hélice. Se o helicóptero perder um pedaço grande da pá ou se ela se desprender completamente, isso provoca um desbalanceamento muito grande na máquina, que rapidamente danifica outras partes da aeronave — explicou o ex-investigador de acidentes do Cenipa, Jorge Filipe Almeida, que comparou o comportamento do helicóptero nessas condições com o de uma máquina de lavar em que há mais roupas em um lado: — O que temos até agora de informações apontam para um quadro típico de perda de uma parte das pás, uma falha catastrófica em que não há mais condição de o piloto reagir.
Depoimentos de pessoas que presenciaram o acidente contribuem para essa interpretação dos fatos.
— Comecei a ouvir um barulho muito alto de motor e de lata batendo. Pensei: ‘Meus Deus, esse avião vai cair’. Corri para a rua e vi que era um helicóptero, que caiu muito rápido. Nenhuma parte dele ficou inteira, nem a cabine. Tentei socorrer alguém, mas já não havia mais o que fazer — afirmou Carlos Henrique da Rocha, de 41 anos, que mora na Rua Lagoa, em Carapicuíba, na Grande São Paulo, onde aconteceu a queda. O acidente ocorreu no fim da tarde de ontem e vitimou cinco pessoas, entre elas o filho caçula do governador Geraldo Alckmin, Thomaz. — Há um motor de avião dentro do meu banheiro — afirmou Maura Fuchs, de 55 anos, ainda sob o impacto da tragédia. Segundo Maura, seu marido estava em casa quando partes da aeronave se chocaram contra o telhado e uma casa vizinha ainda em construção. — O helicóptero vinha desgovernado, balançando para todo o lado, caiu e espalhou os pedaços — afirmou Maura, na manhã desta sexta- feira. De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a equipe responsável por apurar as causas do acidente ainda está organizando a ação inicial de investigação, recolhendo informações, tirando fotos, e recolhendo partes dos aviões. Raramente helicópteros possuem caixa-preta, mas isso não necessariamente será um problema para a apuração dos fatos. — Os destroços falam muito. Se, de fato, uma das pás se soltou, é algo fácil de se verificar pelos parafusos e ganchos que as prendem ao rotor. Daí vai ser preciso avaliar se foi falha do parafuso ou do mecânico que prendeu a pá — disse Almeida. O Secretário de Governo de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho informou durante o velório de Thomaz que a aeronave fora para a revisão justamente porque apresentara problemas em uma das pás da hélice.  Ao longo do dia, um guindaste de mais de 78 metros tem sido utilizado para retirar as partes maiores do helicóptero, que serão levadas para análise. Na região, a presença de curiosos, sobretudo de moradores do próprio condomínio, é grande. — A gente se deu conta de que aqui a gente corre muito risco porque há um heliporto aqui do lado, essa área é uma rota de aviões — afirmou Wagner Menezes Duarte, de 48 anos, que mudou seu trajeto normal de passeio com o cão para verificar a situação na Rua Lagoa. (O Globo)

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