Principal reservatório de água da BA, Sobradinho tem baixa capacidade


A situação dos reservatórios e usinas hidrelétricas do país serve de alerta para a Bahia. De acordo com a Embasa, a Bahia não corre risco iminente de enfrentar situação de crise hídrica equivalente à que vem ocorrendo no sudeste do país. As principais barragens utilizadas pela empresa estão em nível satisfatório para o período. Porém, dos 364 municípios baianos onde a Embasa atua, apenas Caetité encontra-se em situação de racionamento. Apesar disso, o principal reservatório de água da Bahia, Sobradinho, que é abastecido pelo rio São Francisco, segundo maior lago artificial do país, está com apenas 18% da capacidade total do reservatório, que é de 34 bilhões de metros cúbicos de água, 42% a menos que nesse mesmo período no ano passado. Com a baixa da barragem e falta de chuvas nas cabeceiras que abastecem o rio São Francisco, a Companhia Hidrelétrica do São francisco (Chesf) reduziu a vazão mínima do rio de 1.100 metros cúbicos por segundo para 1.000. A situação preocupa associações que lutam pela preservação do rio. "A gente está vendo que, nacionalmente, para espanto de todo o país, hoje o sudeste já vive esse problema da água e aqui, apesar da gente estar à beira do São Francisco, a gente precisa sim ter essa preocupação", disse Érica Costa, da Articulação. Popular São Francisco Vivo - "A tendência é sim o rio São Francisco secar e aí o que será de nós aqui no centro do semi-árido brasileiro sem essa riqueza, sem essa fonte de vida que é o nosso velho chico", completa. Vinte e quatro hectares de terra estão sem produção em uma propriedade que fica em Sobradinho, no norte da Bahia. Restaram apenas sobras do antigo plantio de melancia e melão. Desde dezembro, nada mais foi cultivado na área devido a dificuldade de ter acesso a água do lago de Sobradinho, que ficava poucos metros do local. "E, se caso o lago baixar em torno de 90 cm a 1,10 m, já nos compromete a levar mais uma tubulação à rede de mais 1.200 metros, mas aí nós não temos mais energia transformada para nos atender", diz o produtor Ronaldo Nery. O prejuízo atinge todos os produtores ribeirinhos do lago que não tiveram mais condições financeiras de acompanhar, com tubulações, o recuo da água.
Salvador - De acordo com a Embasa, as barragens de Ipitanga I e II estão com 95% da capacidade, a barragem Joanes I está um pouco mais baixa, com 75%, e a Joanes II, com 86%. Ainda segundo a embasa, os principais reservatórios da região metropolitana de Salvador, estão com nível dentro do previsto para esta época do ano. Os moradores da capital e municípios próximos não correm risco de enfrentar uma situação de crise no fornecimento de água nesse periodo do verão, quando o consumo aumenta.
Feira de Santana - As hidrelétricas da Bahia fazem parte do sistema nacional interligado de energia. Tudo que é produzido no estado, também é distribuido para outras regiões do país. Uma das usinas do sistema é a de Pedra do Cavalo, que fica na região de Feira de Santana, cidade situada a 100 quilômetros de Salvador. De acordo com a gerência da usina, a situação é considerada normal, mas é preciso evitar o desperdício. Estão sendo produzidos 160 megawatts de energia por dia. Essa situação é considerada confortável porque a barragem de Pedra do Cavalo está com 70% da capacidade. Dá para abastecer a cidade de Salvador durante dois anos. Não choveu na região no mês de janeiro, mas em dezembro caíram chuvas que encheram a cabeceira do Rio Paraguaçu, que junto com o Rio Jacuípe, forma a barragem de Pedra do Cavalo.
Região Sul - De acordo com a gerência local, a usina do Funil é considerada uma usina de suporte. Interligada ao sistema elétrico da companhia, que é responsável por suprir energia aos estados do nordeste, exceto o Maranhão. A central hidroelétrica é de pequeno porte, ela dispõe de reservatório fio d'água, ou seja, que tem baixa acumulação de água. A capacidade de geração dela é de 30 megawatts, o que corresponde ao abastecimento de 25% de uma cidade do porte de Itabuna. A gerência informou que o volume do Rio de Contas está normal. Mesmo em estiagem prolongada, a usina consegue operar sem problemas, porque a vazão do Rio de Contas tem suprido a necessidade. Já a usina hidrelétrica de Itapebi fica a cerca de 10 quilômetros da cidade, tem capacidade para produzir energia para 1,5 milhão de pessoas. A hidrelétrica de Itapebi também é do tipo fio d'água, ou seja, mesmo tendo uma represa na parte superior, ela não tem grandes reservatórios capazes de acumular água para distribuição nas cidades vizinhas. Tudo que é produzido na hidrelétrica de Itapebi não fica na região e é enviado para o sistema interligado nacional de energia elétrica, que distribui essa energia para as concessionárias de todo o país. O nível do Rio Jequitinhonha está cheio, mas o volume muda de acordo com as chuvas e com o volume de água liberado da represa por meio das comportas que controlam essa vazão.
Região Oeste - Já na região oeste do estado, duas usinas geradoras de energia fazem parte do sistema nacional de energia elétrica. São hidrelétricas que dependem do Rio das Fêmeas e do Rio Corrente para geração de energia. Apesar da pouca participação de energia, com pouco menos de 30 megawatts, o volume dos rios está em 28%, abaixo do esperado para o mês de janeiro, considerado um mês chuvoso na região. De acordo com o Instituto Clima Tempo, a média para este mês é de 200 milímetros, mas até agora só choveu 50 mm. (G1)

Postar um comentário

0 Comentários