Eliana Calmon reafirma sua posição contra a redução da maioridade penal


“Para muitos jovens brasileiros, o primeiro documento continua sendo a ficha policial”. Defensora da maioridade penal, a ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça e candidata ao Senado pelo PSB, Eliana Calmon, reafirmou sua posição durante encontro com jovens do Instituto Stive Biko e de Ongs ligadas à educação, juntamente com a candidata ao Governo, Lídice da Mata, realizado no Museu Eugênio Texeira Leal, no Pelourinho, na tarde deste sábado (02).Eliana apresentou razões técnicas para a manutenção da maioridade de 18 anos no Brasil. Membro do Conselho Permanente de Segurança da ONU, que mapeia as causas da violência na América Latina, ela explicou que os jovens que se envolvem com a criminalidade têm um perfil que se repete: negros e pardos, moram em lares desestruturados e com pouca instrução. “O Brasil ainda detém a marca por ser um dos países da América Latina campeões em falta de registro civil. O problema não está na idade e sim na falta de políticas públicas que garantam escola de qualidade e cidadania a esses jovens, que, por falta de opções de educação, emprego e atividades culturais e esportivas acabam deslocados para o caminho mais ‘fácil’, o das drogas e do tráfico”, denuncia a ministra. Eliana Calmon criticou também o sistema de ressocialização dos jovens que cometem crimes, que segundo ela, funciona apenas como reclusão e não recupera os meninos e meninas que na maioria das vezes voltam a praticar crimes. “Faltam políticas públicas e vontade. O Brasil não precisa de leis e sim de que essas leis sejam colocadas em prática. Temos exemplos interessantes, como acontece no Piauí, onde um projeto aproxima as famílias das escolas públicas. Precisamos também de ações de lazer, cultura, esporte e educação de qualidade. Uma criança na escola custa oito vezes menos que um presidiário para os cofres públicos”.

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1 Comentários

  1. Discordando da ministra Eliana, sou favorável à redução da maioridade penal. É obrigação moral e cívica de qualquer cidadão, seja ele criança, adolescente ou adulto, apresentar um comportamento que possa contribuir para a ordem e a convergêcia social. A violência no Brasil tem crescido de forma assustadora e o envolvimento de menores de idade em crimes bárbaros é cada vez maior.
    Concordo que através da educação nos tornamos cidadãos melhores, mais conscientes dos nossos direitos e também dos nossos deveres. A educação, sem dúvida, é um instrumento de transformação social e pode, sim, no longo prazo nos levar a um convívio social mais pacífico, mais justo e mais equilibrado.
    Como bem afirmou a ministra, “o problema não está na idade e sim na falta de políticas públicas que garantam escola de qualidade e cidadania a esses jovens, que, por falta de opções de educação, emprego e atividades culturais e esportivas acabam deslocados para o caminho mais ‘fácil’, o das drogas e do tráfico”. Todos sabemos disto, mas como ela mesma anotou , faltam políticas públicas e, certamente, continuarão faltando.
    Temos de concordar, também, que o problema da criminalidade não é tão somente um probelma educacional. É também um problema de lei e impunidade. Mesmo nos países mais desenvolvidos, que apresentam melhores sistemas educacionais, os sistemas legais são mais firmes e eficientes para justamente garantir o bom funcionamento da ordem social. Um sistema legal sólido e adequado é peça fundamental de sustentação de qualquer sociedadde livre pois serve para coibir os comportamentos anti-sociais, seja de quem for. Assim, a criminalidade não pode e não deve ser justificada apenas pela questão educacional. Este argumento tem servido para contribuir ainda mais com a impuniade, que por sua vez alimenta mais a criminalidade.
    A Exclusão social e o desemprego também são fatores primordiais no entendimento da marginalidade, incluindo a de menores, e esses argumentos sempre foram usados para justificar os altos índices de criminalidade no Brasil. Agora que dizem que o Brasil melhorou o nível de emprego e inclusão social, era de se esperar uma diminuição nos índices de violência; mas o que temos visto é justamente o contrário. O problema é que enquanto ficamos presos na subjetividade dos argumentos, nada é feito e a cultura do medo vai-se espalhando, famílias vão sendo destruídas com a perda de entes queridos, assim como destruída fica a crença em uma sociedade livre onde todos possam gozar do direito de ir e vir.
    Se um menor de idade tem preparo suficiente para manipular uma arma e matar deliberadamente, ele também deve estar preparado para sentir o peso da lei, sem dúvida. A redução da maioridade penal por si só talvez não seja capaz de resolver toda esta questão do quase caos social que a violência está nos impondo, pois é preciso que tenhamos uma visão mais holística do problema. Mas certamente já seria um bom começo, visto que o rigor da lei sempre foi um instrumento significativo de controle e equilíbrio social.

    Yalu Miranda
    Mestre em Comercio Internacional e Politica

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