Município com maior renda agrícola do país sofre com problemas sociais



O dinheiro, que levou prosperidade a fazendeiros e a trabalhadores rurais, não resolveu problemas graves da cidade.

Foto: Google




O município baiano de São Desidério tem a maior renda agrícola do país. Mas o dinheiro, que levou prosperidade a fazendeiros e a trabalhadores rurais, não resolveu problemas graves da cidade.
 
As máquinas funcionam sem parar. É tanto trabalho que as usinas de beneficiamento precisaram criar mais um turno. O município que colhe mais algodão no Brasil, segundo dados do IBGE, gerou uma receita agrícola de R$ 1,1 bilhão em 2010.

A colheita terminou há quase um mês, mas as usinas de beneficiamento, que em 2010, a esta altura, já tinham processado toda a safra, em 2011 não deram conta. Um quarto do algodão colhido ainda não saiu do campo. É que a produção, já considerada muito boa, aumentou 40%.

Os produtores fazem planos com o dinheiro do lucro. "Vou aplicar em compra de maquinário e mais uma área para aumentar o plantio do ano que vem", contou o produtor de algodão Valdir Perbone.

Os salários melhoraram. O operador de máquinas Valter de Jesus diz que chega a receber o dobro do que ganhava no norte da Bahia, onde morava. “Eu vou lá só de ano em ano. E esse ano eu vou com o carro. Comprei um carro, graças a Deus", disse o operador de máquinas.

As fazendas de algodão e soja empregam cerca de seis mil pessoas. "Estou com 80 funcionários e vou precisar de mais 20", afirmou o produtor de algodão Célio Zittion.

Escolas, postos de saúde funcionando e uma praça de dar inveja a muitas cidades brasileiras: São Desidério tem até posto de informação ao turista, mas nem tudo é prosperidade.Quem percorre as ruas de São Desidério tem dificuldade em acreditar que está no município de maior receita agrícola do país. Faltam equipamentos importantes, principalmente para a saúde dos moradores. Não há 1 metro de esgoto tratado na cidade.

A receita da prefeitura é uma das maiores do Nordeste: quase R$ 70 milhões por ano. O prefeito Zito Barbosa explica por que não investe em rede de esgoto: “Porque é obrigação do estado. Não é obrigação do município”.

Mais de 10% dos 28 mil habitantes recebem o Bolsa Família. A equipe de reportagem encontrou o lavrador Valdemiro da Silva, que não está trabalhando, fazendo o recadastramento."Ainda não procurei trabalho nas fazendas de soja e algodão. Se procurar eu acho. Já recebo R$ 166 reais do Bolsa Família”, confessou o lavrador Valdemiro da Silva.

Os trabalhadores rurais José Barbosa e Maria de Lourdes Barbosa não dependem do Bolsa Família. Trocaram a cidade pelo trabalho em uma fazenda de algodão.

"Valeu a pena demais, porque trabalho aqui não falta", disse o trabalhador rural José Barbosa.

Aos 45 anos, dona Maria de Lourdes está tão feliz que resolveu voltar a estudar. "A mais velha da sala sou eu. Todo mundo me chama de senhora. Todo mundo me respeita na sala. Tenho 45 anos. Aqui em casa os meninos falam assim: ‘Mainha, a senhora está sabendo de muita coisa’”, contou a trabalhadora rural. 

Fonte: G1

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