Auditoria externa da Petrobras apura desvios


A Petrobras contratou duas empresas independentes para investigar as denúncias de corrupção na estatal feitas pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef, em depoimentos à Justiça Federal. As empresas, uma do Brasil e outra dos Estados Unidos, irão apurar a "extensão e o impacto" das irregularidades, segundo comunicado divulgado pela estatal. O anúncio da contratação, feito nesta segunda-feira, 27, um dia depois da reeleição da presidente Dilma Rousseff, foi visto como um gesto para resguardar a diretoria de ações criminais e sanções de órgãos reguladores. Também reforça o discurso de Dilma de que o governo está agindo para combater a corrupção. A Petrobras fez mistério sobre o nome das companhias, informou apenas que são "especializadas em investigação". Durante investigações da Operação Lava Jato da Polícia Federal, Costa revelou que partidos políticos recebiam de empreiteiras e fornecedoras da estatal uma propina de até 3% para obter contratos. Segundo o ex-diretor, o PT ficava com a maior parte do dinheiro, dividido também com PP e PMDB. Ele também implicou outros diretores da estatal. Os partidos e os diretores negaram as acusações. No comunicado, a Petrobras explicou ainda que, com autorização da Justiça, teve acesso oficial ao teor inteiro dos depoimentos do ex-diretor da estatal e que tem utilizado o material para subsidiar suas comissões internas de apuração. Mas esclareceu que os depoimentos não correspondem ao conteúdo da delação premiada de Costa, ainda sob sigilo no Supremo Tribunal Federal. A contratação das duas empresas , segundo a estatal, foi aprovada pela diretoria executiva e atende às normas regulatórias da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Securities and Exchange Commission (SEC). A atual legislação brasileira determina que os executivos devem agir com "diligência", ou seja, devem providenciar amplo esclarecimento de eventuais atos ilícitos ou prejudiciais à companhia. A Petrobras possui três auditorias abertas, apurando denúncias sobre a compra da refinaria de Pasadena (EUA), além das obras da refinaria de Abreu e Lima (PE) e do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj). A estatal já solicitou por duas vezes o acesso aos depoimentos da delação, mas ainda não obteve sucesso.BN

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