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ARTIGO: Quando o futuro não é réplica do passado



Ser brasileiro é uma vocação. Há dias em que meu coração genuinamente verde e amarelo bate mais lentamente, compassado pelas notícias surreais que povoam os jornais e parecem saídas de um livro de ficção de quinta categoria. Basta porém me enveredar por esse Brasil adentro, na obsessão que se tornou minha busca por cidades e economia criativa, para que meu otimistômetro entre em polvorosa.

A mais recente pérola dessa empreitada chegou às minhas mãos simpaticamente disfarçada de convite para uma palestra. Lá fui eu, na implacável dobradinha com Edival Passos, superintendente do Sebrae da Bahia e colega de oficinas que percorreram os quatro cantos do estado. Mais a oeste do que as praias decantadas em verso e prosa, mais a leste do que a já conhecida Chapada Diamantina e bem mais ao sul do que o Vale do São Francisco, repousa a singela e verdejante Ibirataia. Cidadezinha de 18.943 habitantes, segundo o Censo de 2010, encravada no meio da região do cacau, surgiu para minha total e completa surpresa como berço de uma incrível concentração de empreendimentos criativos de excelência mundial por metro quadrado.

Como toda a região, Ibirataia foi fustigada pela praga da vassoura de bruxa, que devastou de maneira implacável não apenas as plantações de cacau, como também toda a estrutura econômica e a complexidade de arranjos sociais que vigoravam há décadas. De quebra, a Mata Atlântica deixou de ser a acalentada fonte de sombreamento para os cacaueiros e se tornou alvo do extrativismo predatório.

Com isso, a região tão inspiradora das obras de Jorge Amado passou a ser, na década de 1990, polo de expulsão de famílias inteiras, que vieram a engrossar as periferias de Itabuna, Ilhéus, Salvador e alhures. As pequenas cidades sangraram sua população, em um testemunho marcado por tristes cicatrizes de casas abandonadas. Os empresários, impossibilitados de pagar suas dívidas, não obtêm empréstimos para investir em novos plantios.

Eis que em Ibirataia um grupo de inconformados, determinados e obstinados empresários resolveu mudar a história. Trabalhando em setores complementares, construídos à revelia das circunstâncias, cada um deles se converteu em referência internacional. É o caso da fazenda Lajedo do Ouro, comandada por um simpático casal de apaixonados pesquisadores que trazem o cacau em seu DNA e em cada cena de seus sonhos. Diante da concorrência do cacau africano comoditizado, a Lajedo do Ouro começou a investir pesadamente em pesquisas de processos e plantios e em experiências de cultivo varietal, muito em linha com a lógica do terroir vitivinícola ou cafeeiro. O resultado, após anos de testes, dedicação quase materna e noites em claro medindo o ponto de fermentação das amêndoas, foi um cacau premiado no Salão do Chocolate de Paris.

Ainda na seara de delícias gastronômicas, a cachaça também investiu em diferenciação. Com vistas ao mercado interno mas também à exportação, a Engenho Bahia foi a primeira cachaça de alambique com certificado de qualidade conferido pelo Inmetro no estado. Em um país no qual apenas 1% da produção de 1,5 bilhão de litros destilados anualmente chega ao mercado internacional, a Engenho Bahia transpôs as fronteiras do México e da Alemanha.

Mas não é só em iguarias que a pequenina Ibirataia dá um banho de inovação e empreendedorismo. Em 1989, quando a vassoura de bruxa chegou à região, uma fadinha resolveu voltar para sua cidade natal. Selma Calheiras, designer ceramista com longa trajetória de estudos e atelier no Rio de Janeiro e Franz Rzehak, alemão cujo elemento natural é o ferro, plantaram suas sementinhas na Cores da Terra. Delas brotam a cada mês maçãs de cerâmica dignas de levar Branca de Neve à loucura, cacaus, peras, flores, vasos, animais e toda uma série de objetos elaborados com barros e pigmentos de todas as cores e texturas da região. Empregadora de mais de 100 funcionários, capacitados um a um na própria empresa, a Cores da Terra exporta 80% de suas peças para a Europa.

Cientes de que para ir um passo além na transformação da realidade é preciso jogar junto, esses e outros empresários que se fizeram do nada ou deram a volta por cima formaram uma associação empresarial, a AGIIR, que também faz parcerias com o setor público. No dia seguinte à minha palestra, o Prefeito bateu ponto em um encontro reunindo 200 estudantes de escolas públicas. Após uma aula sobre direito administrativo, eles foram convidados a eleger um repórter mirim, para acompanhar e divulgar o trabalho desenvolvido pela gestão municipal.

Não sei se o que mais me cativou nessa experiência foi a densidade de empreendedores criativos de primeira linha que reagiram à derrocada socioeconômica da região; a vontade de jogar junto que esses empresários compartilham; ou a parceria público-privada que saiu do papel. Seja o que for, o caso de Ibirataia é um reflexo de um Brasil que faz e acontece. E que merece entrar cada vez mais no mapa de nossa autoestima empresarial brasileira.

Fonte: http://www.canalrh.com.br/

Falso médico é preso em flagrante em São Félix do Coribe

Foto divulgação
Falso médico é preso em flagrante em São Félix do Coribe

Um homem de 37 anos que se passava por médico foi preso em flagrante, nesta quarta-feira (23), em São Félix do Coribe. Dois investigadores da Delegacia Territorial (DT) do município do extremo-oeste baiano se passaram por pacientes e, após serem examinados em uma ótica da cidade, encaminharam o suspeito à DT. Na unidade policial, Lincoln Rodrigues Júnior apresentou apenas uma carteira de estudante da Universidade do Contestado de Santa Catarina, onde diz cursar Optometria. Em uma maleta apreendida com o golpista, que é natural de Goiás, havia equipamentos utilizados em exames oftalmológicos. A operação teve o apoio da Polícia Militar, da Vigilância Sanitária e Epidemiológica e da DIRES que, juntas,têm coibido o exercício ilegal da medicina na região.

BN

IBIRATAIA: O Arraiá do Gonzagão lotou na segunda noite de Forró 2013